“Dos bancos da praça para os bancos da universidade” seria mais uma força de expressão não fossem as raízes fincadas na Comunidade Padre Pio, em São Bernardo, onde se desenvolve o projeto de extensão da Universidade Metodista de São Paulo assertivamente batizado de Gente é Para Brilhar. Desde 2017, pessoas na marginalidade social estão sendo resgatadas não apenas para a ressocialização, mas principalmente para exercer trabalhos profissionais que as tornem cidadãs na plenitude.
A experiência já frutificou na formação de duas cooperativas – de construção civil e de panificação -, semeia uma terceira frente na área de marcenaria e agora se eterniza com o livro que carrega o mesmo nome do projeto. O lançamento na noite de 26 de setembro último foi carregado de emoção pelas lembranças dos caminhos percorridos até agora, a maioria de muitos esforços.
“Ninguém abaixa o vidro do carro e conversa com morador de rua”, foi o agradecimento ouvido de um pedinte pelo professor Marco Aurélio Bernardes, da Metodista, enquanto aguardava o farol abrir numa das vindas à universidade e que o despertou para idealizar uma ação em favor desse exército que vaga pelas ruas revirando lixos e enfrentando preconceitos de toda ordem. Logo professor Marcão teve conhecimento do trabalho social da Comunidade Padre Pio e juntou a esse acolhimento a missão de formação profissional da Educação Metodista.
Professores e alunos foram então mobilizados em oficinas de gestão e administração financeira, cidadania, economia solidária e cooperativismo, além de orientação e acompanhamento para abertura de cooperativas de trabalho. Vários desses cooperados, tendo à frente padre Roberto Marangon, à época na comunidade e autor da frase que ilustra a capa do livro, estiveram no lançamento da obra no campus Vergueiro.
Fora dos muros
“Não adianta a universidade desenvolver saberes se não ajudar a construir uma sociedade mais justa e permitir às pessoas desenvolverem suas potencialidades”, falou a diretora de Extensão e Ações Comunitárias, professora Alessandra Zambone, reforçada pelo diretor de Graduação e editor da Editora Metodista, professor Sérgio Tavares: “O papel da editora é difundir conhecimentos elaborados por nossa academia e projetos como o Gente é pra Brilhar, que denuncia a exclusão gerada em nome da produção e riqueza. O livro tem o papel de mostrar ao mundo essa experiência”.
Padre Roberto Maragon sublinhou a importância da Metodista na formação profissional de pessoas vivendo momentos frágeis, como moradores de rua, imigrantes e desempregados abrigados na Comunidade Padre Pio, hoje somando quase 100 deles: “Colocar isso em um livro é relevante para registrar esse marco na história”.
Moisés e Márcia Anjos, fundadores da comunidade, se disseram agradecidos e surpresos com o alcance do projeto profissionalizante. Moisés adiantou que o próximo passo é criar uma cooperativa de marcenaria. “Parabéns à Metodista por acreditar em nós, duas pessoas que não estudaram”, disse Márcia. O livro foi organizado pelos professores Marco Aurélio Bernardes e Fátima Cristina dos Santos e tem participação também da professora Luciane Duarte e de Valdirene Anjos, esta relatando a experiência sob o ponto de vista da comunidade. A obra traz panoramas sobre o cenário da exclusão social no Brasil, a Comunidade Padre Pio, empreendedorismo e o papel da Metodista na organização e fomento de negócios inclusivos.
Parte da venda será revertida à Padre Pio. Contatos pelo marco.bernardes@metodista.br